Eu, escriba de qualidade duvidosa, me confesso: sempre preferi ser um pouco mais miserável mas ter relativa noção do que me rodeia, do que ser apenas um idiota feliz. Tomei a opção de ser apenas um imbecil ligeiramente infeliz. Mas informado. Fantásico, não?
Bem, nem sempre. Se por um lado é interessante procurar saber a origem da revolta popular na Líbia, por outro lado roemos as mãos, os dedos, e os braços até ao côto quando pensamos no que isso poderá implicar em termos de subida do preço de petróleo. E poderíamos ficar aqui a discutir se seríamos colectivamente mais felizes se nunca tivessemos tomado conhecimento da variedade de usos que um saca-rolhas pode ter.
Tudo verdade, mas mantenho-me sempre do lado da informação - e do estado de espírito miserabilista.
Ou mantive, até saca-rolhar os meus olhos na direcção deste pictograma regado a verdadeirismo atroz.*
Pensam que sei quem é o segundo gajo em baixo a contar da esquerda? Não, nem por isso. Não faço ideia. Na realidade, em 1994 tinha mais que fazer do que andar a escalpelizar o plantel do Aves.** Entre coleccionar Transformers, tentar fazer load "" de cassetes que nunca cheguei a conseguir jogar no ZX Spectrum, tirar negativas a matemática e a ver os Jogos Sem Fronteiras, não tinha tempo para muito mais.
OK, talvez tivesse tempo para tirar macacos do nariz e colá-los nos cromos do Djoincevic. Aquela fronha metia-me medo, e sempre achei que a ideia de cobri-la com muco nasal pudesse ser de valor. Pelos vistos era, porque ainda hoje mantenho essa táctica cada vez que vejo uma foto da Manuela Moura Guedes (arrepios). (suores frios). (náuseas).
Mas lá está, não sei quem é o gajo. Pensam que isso me incomoda? Não.
Sou ignorante e gosto.
Estou feliz. Estaria neste momento a correr, dançar e rodopiar entre rododendros num verde prado sob o cálido sol da Primavera, se isso não fosse tão abichanado.
Não sei quem é o tipo, mas isso não me impede de apreciar todo o seu potencial bronco.
Uma mistura entre Maniche pré-obesidade mórbida e um aldeão revoltado do Braveheart.
O fruto de uma noite de paixão entre um penedo e um lutador de wrestling no início dos anos 90.
A encarnação humana do bigode do Agatão - curiosamente, ela própria sem bigode.
A validação futebolística do darwinismo.
Gosto da intensidade. Enquanto os restantes calceteiros do Desportivo avense parecem encarar o jogo com a casualidade e antecipação de um pano da louça molhado (liderados pelo mítico capitão Vitinha, que parece estar a ver a relva crescer há 6 horas non stop), o nosso amigo mistério está claramente preparado para arrancar onze cabeças à dentada - e caso se chame David Luiz, acabar os 90 minutos (...ou cinco anos em Portugal...) sem ser admoestado.
Finalizo com um reparo sobre a inatacável (?) masculinidade do artista em questão. Normalmente, um ser predisposto a eliminar civilizações à cabeçada ou a deglutir porta-aviões sem necessitar de mastigar mais de duas vezes teria que ser considerado bastante macho. Porém, fazendo fé na fotografia apresentada, o nosso misterioso australopiteco possui uma aparente disposição para acariciar coxas de outros homens.
Mas enfim...mais do que especular, terei que admitir que não sei. Não conheço, nunca me foi apresentado, não faço ideia. E sou feliz assim.
......
*representação pictográfica cuidadosamente pilhada do site desportivodasaves.blogspot.com
** apesar disso reconheço ali Luís Miguel, Garrido, Baptista, Joy e (claro) Vitinha. Adolescência perdida, eu sei.
** apesar disso reconheço ali Luís Miguel, Garrido, Baptista, Joy e (claro) Vitinha. Adolescência perdida, eu sei.
5 comentários:
Matias e a sua fronha inesquecível...
Autoni é uma bela publicidade.
"Se tu és tóino, compra carro Autoni".
Não é o grande Matias? :-o
o trinco que fingiu jogar no Vicente, Gil?
Olhem que parece mesmo ser irmão do Maniche. Havendo dois Ribeiros, porque não um terceiro, mais velho, a desbravar caminho para os outros dois? O enredo adensa-se...
Homo Caccioliensis
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